domingo, 3 de novembro de 2013

2ª série - Texto 1 Alívio para os pulmões

Alívio para os pulmões

Complicações alérgicas e respiratórias, pele ressecada e olhos irritados são apenas alguns desconfortos causados pelo ar seco típico da estação do ano

Nos locais onde mais se sofre com o problema, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Tocantins, o alento só chega com a primavera. “É quando a umidade da região amazônica volta a ser transportada com mais intensidade para essas áreas”, explica Mozar Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia. Enquanto isso não acontece, espalhar bacias com água, toalhas molhadas ou umidificadores pela casa é o jeito encontrado por muitos brasileiros para driblar o incômodo. Mas será que esses truques funcionam? Para sanar a dúvida, VEJA convocou o engenheiro Claudio Luiz Foltran Rodrigues, do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
No último dia 29, quando a cidade de São Paulo chegou a entrar em estado de atenção por causa da baixa umidade do ar, o especialista avaliou o desempenho dos três métodos.

1º LUGAR – O MAIS EFICIENTE UMIDIFICADOR DE AR
Descrição: o aparelho usado possui 12 watts de potência, capacidade volumétrica para 0,7 litro e autonomia para sete horas ininterruptas de uso. Segundo o fabricante, é indicado para áreas de até 15 metros quadrados e deposita no ar 80 mililitros de água por hora
Umidade inicial no quarto: 48%   Umidade final no quarto: 60,3%
Qual o pico de umidade atingido? 63,8%, uma hora após o início do teste
Comentário dos especialistas: além de prático, foi o único que manteve a umidade acima de 60%, porcentagem ideal do ponto de vista da saúde. Às 16 horas, o ar dentro do quarto estava 88% mais úmido que o ar externo, que registrava 32%. Segundo critérios da Organização Mundial de Saúde, quando a umidade relativa do ar (quantidade de vapor em relação ao total máximo que poderia existir sob determinada temperatura) está abaixo de 30%, decreta-se estado de atenção; entre 20% e 12%, estado de alerta; e abaixo de 12%, de emergência

2º LUGAR – O QUEBRA-GALHO TOALHA UMEDECIDA
Descrição: uma toalha de algodão molhada e torcida a mão com 1,5 metro de comprimento por 0,75 metro de largura
Umidade inicial no quarto: 48%   Umidade final no quarto: 53,3%
Qual o pico de umidade atingido? 57,2%, uma hora e meia após o início do teste
Comentário dos especialistas: colocada sobre a cabeceira da cama, a toalha teve bom desempenho, mas demorou um pouco mais para umidificar o ambiente. “Depois de cinco horas, ela ainda estava úmida, mas sua performance foi caindo gradativamente após duas horas. Outro inconveniente é o fato de ela deixar o chão levemente molhado”, diz Rodrigues. Apesar dos contratempos, no fim da avaliação a umidade interna do quarto era 66% melhor do que a externa

3º LUGAR –  A DECEPÇÃO BACIA COM ÁGUA
Descrição: uma bacia plástica com 32 centímetros de diâmetro e capacidade para 14 litros de água
Umidade inicial no quarto: 48%  Umidade final no quarto: 46,5%
Qual o pico de umidade atingido? 54,3%, uma hora e meia após o início do teste
Comentário dos especialistas: colocada ao lado da cama, a bacia foi o método que teve o pior desempenho. “Ela apresentou uma baixa melhora durante a primeira hora e meia e, após esse período, não se mostrou mais eficiente”, diz Rodrigues (sem falar que é uma armadilha pronta para um belo tropeção). Segundo o engenheiro, o tamanho da superfície de contato do objeto úmido com o ar é decisivo para a eficiência. “No caso da toalha, temos uma área bem maior que a da bacia”, conclui. Apesar de a umidade final se mostrar menor que a inicial, o ar interno, às 16 horas, era 45% mais úmido que o externo

Como foi feito o teste do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia
 1. Objetos: colocaram-se à prova uma toalha úmida, uma bacia com água e um umidificador de ar. Todos foram dispostos próximo à cabeceira de uma cama de casal
2. Ambiente: o teste foi realizado num hotel da Zona Sul de São Paulo. Os três quartos, cada um deles com 10 metros quadrados, são voltados para o mesmo lado da rua. Portas e janelas permaneceram fechadas
3. Duração: toalha, bacia e umidificador foram avaliados, simultaneamente, por um período de cinco horas (das 11 às 16 horas), com intervalos de quinze minutos entre as medições
4. Avaliação: os termo-higrômetros (aparelhos que indicam a temperatura e a umidade relativa do ar) foram posicionados sobre os travesseiros, simulando a posição da cabeça de uma pessoa deitada. Enquanto isso, outro aparelho registrava a umidade externa na varanda do quarto. Do lado de fora, ela se comportou da seguinte forma:
  
Respire fundo
No inverno, a frequência de pacientes com problemas respiratórios nos prontos-socorros do país cresce, em média, 40%. “O ar seco e a má dispersão de poluentes afetam o sistema imunológico, deixando as vias respiratórias mais vulneráveis a pneumonias e sinusites”, explica a pneumologista Sandra Aparecida Ribeiro, do Hospital São Luiz, em São Paulo. Durante o dia, alguns cuidados ajudam a minimizar o desconforto:
1 – Use colírio
Quando não há a indicação de um oftalmologista, valem apenas os colírios que imitam a composição da lágrima para lubrificar os olhos
2 – Pingue soro fisiológico no nariz
O uso de soluções salinas ao longo do dia, e especialmente antes de dormir, ajuda a evitar que as narinas fiquem bloqueadas ou sangrem
3 – Beba bastante líquido
A ingestão de água a cada duas horas, e também de frutas suculentas, como melão e melancia, é essencial para repor o líquido que o corpo “perde” para o ambiente
4 – Escolha onde e quando praticar esportes
Evite fazer exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 16 horas e fuja de ruas muito movimentadas, onde a concentração de poluentes, como o monóxido de carbono, é maior
 Disque-árvore - Quando se trata de qualidade do ar, não há dúvida: respira-se melhor nas áreas arborizadas. Para minimizar os efeitos da baixa umidade do ar e da poluição, moradores de algumas capitais do país podem solicitar o plantio de árvores em locais públicos, como a calçada em frente a sua residência ou uma praça no bairro. Após o pedido, uma equipe da Secretaria do Meio Ambiente local avalia a viabilidade e o tipo de planta mais indicado para a região. Em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, a solicitação é feita pelo telefone 156. No Rio de Janeiro, o morador deve ligar para o número 2224-3870
 Vapor na medida certa - Para aproveitar ao máximo aquela névoa tão bem-vinda em tempos de secura, deve-se, antes de tudo, acertar na escolha do umidificador. “Alguns modelos já permitem que o consumidor programe a umidade desejada”, diz Mauricio Parizi, da fabricante NS. Eis ao que ficar atento:
1. Débito de névoa: indica, em mililitros por hora (ml/h), a quantidade de vapor que o aparelho despeja no ar. Se o ambiente tiver até 15 metros quadrados, um equipamento de 80 ml/h dará conta do recado. Entre 15 e 25 metros quadrados, é melhor optar por um de 200 a 300 ml/h. Agora, se o espaço tiver entre 25 e 40 metros quadrados, não hesite em comprar um aparelho com, no mínimo, 400 ml/h
2. Potência: quanto mais potente for o aparelho, mais rápido ele conseguirá umidificar o ambiente. Geralmente, a potência varia de 12 a 45 watts, o que representa um impacto de consumo de energia insignificante. Para se ter uma ideia, se o equipamento mais potente do mercado ficar ligado por oito horas consecutivas durante
trinta dias, acrescentará apenas 3 reais à conta de luz no fim do mês
3. Frequência: para produzir vapor, os equipamentos partem as moléculas de água por meio de um processo vibratório ultrassônico. Quanto maior for a oscilação das vibrações, mais fina e homogênea será a névoa
   
Edição 2229 - 10 de agosto de 2011

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