sábado, 24 de agosto de 2013

3ª série - Para Pesquisa : Genoma /Bioética/ Terapia Genética


  • SITES

1. Site : http://www.brgene.lncc.br/
Descrição : Site com projetos brasileiros de genomas.

2. Site : http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/genoma/genoma.php
Descrição : Site explicando o que vem a ser genoma.

3. Site : http://www.pucrs.br/fabio/genetica1/index_arquivos/Aulas_genetica/BioeticaC.htm
Descrição : Site relacionando a ética com a bioética e a bioética com a genética humana.

4. Site: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/terapia-genetica/terapia-genetica-1.php
Descrição : Site explicando o assunto Terapia Genética.

5. http://cib.org.br/

Descrição: O Conselho de Informações sobre Biotecnologia é uma organização não-governamental e uma associação civil sem fins lucrativos e sem nenhuma conotação político-partidária ou ideológica. Seu objetivo básico é divulgar informações técnico-científicas sobre a Biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de todos os setores da sociedade com o tema.

  • TEXTOS:


Corrêa, MV. O Admirável Projeto Genoma Humano. 2002. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 12(2):277-299. http://www.scielo.br/pdf/physis/v12n2/a06v12n2.pdf

Cientistas sequenciaram o gene da peste bubônica
http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/noticia/2011/10/cientistas-sequenciaram-o-
-gene-da-peste-bubonica.html

Os Segredos das Proteínas
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=324&Artigo_ID=5067&ID
Categoria=5796&reftype=1&BreadCrumb=1


  • LIVRO DE BIOLOGIA : CAPÍTULO 8



2ª série -2014 -Texto: Evolução - Organismo unicelular pode explicar origem do reino animal

Evolução : Organismo unicelular pode explicar origem do reino animal
Espécie descoberta em 2002 pode esclarecer o que tornou possível o aparecimento dos animais, algo que até hoje não foi plenamente entendido  ( The New York Times)

A origem dos animais é um dos episódios mais misteriosos na história da vida. A transformação de um organismo unicelular em um coletivo de um trilhão de células exige uma enorme reestruturação genética.Espreitando no sangue de caracóis tropicais há uma criatura unicelular chamada Capsaspora owczarzaki. Esta espécie ameboide com “tentáculos” é tão obscura que ninguém a havia notado até 2002. Mesmo assim, em poucos anos ela passou do anonimato a foco do mundo científico. Acontece que ela é um dos parentes mais próximos dos animais. Por incrível que pareça, nossos ancestrais há um bilhão de anos eram bem semelhantes à Capsaspora.
A origem dos animais foi uma das transformações mais extraordinárias e importantes na história da vida. Eles evoluíram de ancestrais unicelulares até uma profusão de complexidade e diversidade. Hoje estima-se que sete milhões de espécies de animais vivem na Terra, desde vermes tubícolas no fundo do oceano a elefantes se arrastando pesadamente pela savana africana. Seus corpos podem conter trilhões de células capazes de se transformar em músculos, ossos e centenas de outros tipos de tecidos e de células.
O amanhecer do reino animal, cerca de 800 milhões de anos atrás, também foi uma revolução ecológica. Os animais devoraram os tapetes microbianos que haviam dominado os oceanos por mais de 2 bilhões de anos e criaram seus próprios habitats, como os arrecifes de corais. A origem dos animais é um dos episódios mais misteriosos na história da vida. A transformação de um organismo unicelular em um coletivo de um trilhão de células exige uma enorme reestruturação genética. A espécie intermediária que poderia mostrar como a transição aconteceu está extinta.
“Estão faltando apenas os passos intermediários”, afirmou Nicole King, bióloga evolutiva da Universidade da California em Berkeley.
Pistas evolutivas — Para entender como os animais assumiram esta forma de vida peculiar, os cientistas estão reunindo diversas linhas de indícios. Alguns usam martelos de pedra para retroceder ao registro fóssil de animais dezenas de milhões de anos atrás. Outros estão encontrando assinaturas químicas de animais em pedras antigas. Ainda há um terceiro grupo examinando os genomas de animais e de seus parentes como a “Capsaspora” para reconstruir a árvore evolutiva dos animais e de seus parentes mais próximos. Surpreendentemente, eles descobriram que muito do equipamento genético para a formação de um animal já existia bem antes do próprio reino animal.
Foi apenas nos últimos anos que os cientistas chegaram a uma noção consistente do que são os parentes mais próximos dos animais. Em 2007 o National Human Genome Research Institute iniciou um projeto internacional para comparar o DNA de diferentes espécies e traçar uma árvore genealógica.
Os primos dos animais são um grupo diversificado. Ao lado da habitante de caracóis, aCapsaspora, nossos parentes mais próximos incluem coanoflagelados, criaturas semelhantes a ameboides que vivem em água limpa, na qual elas caçam bactérias.
Agora os cientistas estão tentando entender como um organismo unicelular como a Capsasporaou um coanoflagelado se tornou um animal pluricelular.
Por sorte eles podem obter algumas pistas a partir de outros casos nos quais micróbios fizeram a mesma transição. Plantas e fungos evoluíram de ancestrais unicelulares, bem como dúzias de outras linhagens menos familiares, de algas pardas a fungos mixomicetos.
A pluricelularidade primitiva pode ter evoluído com certa facilidade. “Tudo que precisa acontecer é que os produtos da divisão celular se mantenham unidos”, disse Richard E. Michod, da Universidade do Arizona. Uma vez que organismos unicelulares passaram permanentemente para colônias, começaram a se especializar em funções diferentes. Esta divisão de trabalho tornou as colônias mais eficientes. Elas conseguiam crescer mais rápido do que colônias menos especializadas.
Em determinado ponto a divisão de trabalho pode ter levado muitas células dos protoanimais a perder sua habilidade de reprodução. Apenas um pequeno número de células ainda fabricava as proteínas necessárias para produzir descendentes. Assim, as células no resto do corpo poderiam se concentrar em funções como juntar alimento e lutar contra doenças.
“Não é um obstáculo”, afirmou Bernd Schierwater, da Universidade de Medicina Veterinária em Hannover, Alemanha. “É uma ótima maneira de ser muito eficiente”.
Reciclagem de células — Mas a multicelularidade também lançou novos desafios aos ancestrais dos animais. “Quando há morte de células num grupo, elas podem intoxicar umas às outras”, afirmou Michod. Nos animais as células morrem de forma ordenada, assim elas liberam relativamente poucas toxinas. E ocorre o contrário: as células que estão morrendo podem ser recicladas por suas companheiras vivas.
Outro perigo apresentado pela pluricelularidade é a capacidade de uma única célula de crescer às custas de outras. Hoje esse perigo ainda assombra: o câncer é o resultado de algumas células se recusando a jogar pelas mesmas regras que as demais no nosso corpo.
Mesmo simples organismos multicelulares têm defesas evoluídas contra esses trapaceiros. Um grupo de algas verdes conhecido como “volvox” desenvolveu um limite para o número de vezes que qualquer célula pode se dividir. “Isso ajuda a reduzir o potencial de células serem renegadas”, disse Michod.
Para descobrir as soluções que os animais desenvolveram os pesquisadores agora estão sequenciando os genomas dos seus parentes unicelulares. Eles têm descoberto uma profusão de genes que se acreditava existir apenas em animais.
Genes em comum — Para decifrar as soluções que os animais desenvolveram, os pesquisadores agora estão sequenciando os genomas de seus parentes unicelulares. Inaki Ruiz-Trillo, da Universidade de Barcelona, na Espanha, e seus colegas, estudaram o genoma “Capsaspora” procurando por um grupo importante de genes que codifica proteínas chamadas fatores de transcrição. Fatores de transcrição ativam e desativam outros genes e alguns deles são vitais para a transformação de um óvulo fertilizado no corpo de um animal complexo.
Na última edição de Molecular Biology and Evolution, Ruiz-Trillo e seus colegas relatam que aCapsaspora possui vários fatores de transcrição que se acreditava serem exclusivos dos animais. Por exemplo: eles encontraram um gene na Capsaspora que é quase idêntico ao gene animal Brachyury. Nos humanos e em muitas outras espécies animais o Brachyury é essencial para o desenvolvimento dos embriões, designando uma camada de células que se tornarão o esqueleto e os músculos.
Ruiz-Trillo e seus colegas não têm ideia do que a “Capsaspora” faz com um gene Brachyury. Neste momento eles estão fazendo experimentos para descobrir. Enquanto isso, Ruiz-Trillo especula que parentes unicelulares dos animais usam o gene Brachyury, junto com outros fatores de transcrição, para ativar genes para outras funções. “Eles têm de conhecer seu ambiente”, disse Ruiz-Trillo. “Eles têm de se unir a outros organismos. Eles têm de comer presas”.
Estudos de outros cientistas apontam para a mesma conclusão: muitos dos genes que se pensava serem exclusivos do reino animal estavam presentes nos ancestrais unicelulares dos animais. “A origem dos animais dependeu de genes que já estavam em seus lugares”, disse King. King defende que na transição para animais plenos esses genes foram cooptados para controlar um corpo multicelular. Genes antigos começaram a exercer novas funções, como produzir a cola para manter as células unidas e que poderiam se transformar em tumores.
Esponjas — Por décadas paleontólogos procuraram pelos fósseis que registrassem esta transição até os primeiros animais. Ano passado, Adam Maloof, de Princeton, e seus colegas publicaram com detalhes o que eles sugerem que sejam os fósseis animais mais antigos já encontrados. Os despojos, descobertos na Austrália, datam de 650 milhões de anos atrás. Eles contêm internamente redes de poros, similares aos canais existentes em esponjas vivas.
As esponjas também podem ter abandonado traços antigos. Gordon Love, da Universidade da Califórnia em Riverside, e seus colegas perfuraram depósitos de petróleo na Austrália datando de pelo menos 635 milhões de anos atrás. Na mistura de hidrocarbonos retirados, eles encontraram moléculas do tipo do colesterol que hoje são produzidas apenas por um grupo de esponjas.
O fato de as esponjas aparecerem tão cedo nos registros fósseis provavelmente não é coincidência. Estudos recentes sobre genomas de animais indicam que elas estão entre as linhagens mais antigas de animais viventes – se não são a mais antiga. As esponjas também são relativamente simples se comparadas à maioria dos outros animais. Elas não têm cérebro, estômagos ou vasos sanguíneos.
Apesar de sua aparente simplicidade, elas possuem carteirinhas de membros do reino animal. Assim como outros animais, esponjas produzem óvulos e esperma, que geram embriões. Larvas de esponja nadam pelas águas para encontrar um bom lugar onde possam se estabelecer para a vida sedentária e crescer, tornando-se adultas. Seu desenvolvimento é um processo peculiarmente sofisticado, com células-tronco dando origem a diversos tipos de células.
O primeiro genoma de esponja foi publicado só em agosto. Ele ofereceu aos cientistas a oportunidade de comparar o DNA das esponjas com o de outros animais, bem como com o da “Capsaspora” e outros de seus parentes unicelulares. Os pesquisadores observaram cada gene no genoma da esponja e tentaram compará-lo a grupos de genes de outras espécies relacionados, conhecidos como famílias de genes.
No total eles encontraram 1.268 famílias de genes compartilhados por todos os animais – incluindo esponjas – mas não por outras espécies. Esses genes foram presumidamente transmitidos para os animais viventes de um ancestral comum que viveu há 800 milhões de anos. Via pesquisa deste catálogo, os cientistas podem inferir algumas coisas sobre como era esse ancestral. “Não eram apenas bolota de células amorfas”, afirmou Bernard M. Degnan da Universidade de Queensland. Na verdade eles já expeliam óvulos e esperma. Ele podia produzir embriões e apresentar padrões complicados no seu corpo.
Versatilidade e oxigênio — Entretanto, os animais não apenas desenvolveram corpos pluricelulares. Eles também parecem ter desenvolvido novas formas de gerar diferentes tipos de corpos. Os animais estão mais propensos a mutações que recombinam partes de suas proteínas em novos arranjos, processo conhecido como “domain shuffling”, que consiste numa recombinação de domínios proteicos. “O 'domain shuffling’ parece ser crítico”, afirmou Degnan.
Degnan e seus colegas encontraram outra fonte de inovação em animais em uma molécula chamada microRNA. Quando as células produzem as proteínas dos genes, elas fazem uma cópia do gene numa molécula chamada RNA. Mas as células de animais também fazem microRNAs que podem atacar moléculas de RNA e destruí-las antes que elas tenham chance de fazer proteínas. Dessa forma elas podem agir como outro tipo de chave para controlar a atividade dos genes.
Os microRNAs parecem não existir em parentes unicelulares de animais. Esponjas têm oito microRNAs. Os animais com mais tipos de células que evoluíram mais tarde também desenvolveram mais microRNAs. Os humanos têm 677, por exemplo. Os microRNAs e o “domain shuffling” deram aos animais uma nova fonte poderosa de versatilidade. Eles ganharam os meios para desenvolver novas maneiras de produzir uma ampla variedade de formas – de grandes predadores a comedores de lodo.
Essa versatilidade pode ter permitido a animais primitivos se aproveitarem das mudanças que estavam ocorrendo ao seu redor. Cerca de 700 milhões de anos atrás a Terra saiu das garras de uma era do gelo mundial. Noah Planavsky, também da Universidade da California em Riverside, e seus colegas descobriram em pedras dessa idade indícios de um afluxo repentino de fósforo para os oceanos no mesmo período. Eles especulam que conforme as geleiras derreteram, o fósforo foi lavado da terra exposta para o mar e agido como uma dose concentrada de fertilizante, estimulando o crescimento de algas.
Isso pode ter levado à elevação rápida do oxigênio no oceano ao mesmo tempo.

Os animais podem ter sido preparados para usar oxigênio extra como forma de abastecer grandes corpos, usados para devorar outras espécies. “Era um nicho a ser ocupado”, disse Ruiz-Trillo, “e ele foi ocupado assim que o mecanismo molecular estava pronto.”

2ª série - Assitir - Globo repórter : Eu, humano

Os links já estão aqui no blog. Forma postados em 7/6

2ª série-Texto:Homeostase

HOMEOSTASE
Definição: Esse termo é utilizado para designar a manutenção das condições estáveis ou constantes no meio interno. Essencialmente, todos os órgãos e tecidos do corpo desempenham funções interrelacionadas que ajudam a manter constantes tais condições.

TRANSPORTE DO LÍQUIDO EXTRACELULAR
 Sistema Circulatório 
O  líquido extracelular é transportado por todo o corpo em duas etapas: a primeira por meio do movimento do sangue pelos vasos sanguíneos e a segunda pelo movimento do líquido entre os capilares sanguíneos e as células. À medida que o sangue atravessa os capilares, produz-se também um intercâmbio contínuo de líquido extracelular entre a porção de plasma de sangue e o líquido intersticial que ocupa os espaços entre as células. Os capilares são permeáveis à maioria das moléculas presentes no plasma sanguíneo, com exceção de proteínas, podendo tais moléculas se difundirem em ambos os sentidos entre o sangue e os espaços tissulares. Deste modo, o líquido extracelular de qualquer zona do corpo, tanto do plasma quanto dos espaços intersticiais, se encontra em um processo de mescla contínuo, mantendo assim uma homogeneidade quase completa desses líquidos em todo o corpo.

 ORIGEM DOS NUTRIENTES DO LÍQUIDO EXTRACELULAR
Sistema Respiratório
Cada vez que o sangue passa pelo corpo, flui também pelos pulmões.  O sangue capta oxigênio nos alvéolos, que é necessário às células.
Trato Gastrointestinal
Uma grande quantidade de sangue bombeada pelo coração atravessa também as paredes do trato gastro-intestinal, onde absorve nutrientes dissolvidos, tais como carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos.
 Fígado e outros órgãos que desempenham funções metabólicas
Nem todas as substâncias absorvidas no trato gastro-intestinal podem ser utilizadas pelas células na forma em que foram absorvidas.  O fígado transforma a composição química de muitas dessas substâncias em formas mais utilizáveis, e outros tecidos do corpo, como os adipócitos, a mucosa gastrointestinal, os rins e as glândulas endócrinas, ajudam a modificar as substâncias absorvidas ou armazenadas.
 Sistema musculoesquelético
Esse sistema permite que o corpo se desloque até o lugar correto, no momento adequado, para obter os alimentos necessários para a nutrição. Além disso, proporciona mobilidade para proteger-se das condições adversas circundantes, evitando que o organismo e os mecanismos homeostáticos sejam destruídos.

ELIMINAÇÃO DOS PRODUTOS FINAIS DO METABOLISMO
 Pulmões: ao mesmo tempo que o sangue capta oxigênio nos pulmões, libera também dióxido de carbono, que é o produto final mais abundante do metabolismo.
 Rins: À medida que o sangue passa pelos rins, elimina a maior parte de substâncias contidas no plasma e que não são necessárias às células. Essas substâncias consistem em diferentes produtos finais do metabolismo celular, tais como uréia e ácido úrico. Também contêm os excessos de íons e água dos alimentos que se acumularam no líquido extracelular.

REGULAÇÃO DAS FUNÇÕES CORPORAIS
 Sistema Nervoso
O sistema nervoso está composto por três porções principais: a porção sensitiva aferente, o sistema nervoso central e a porção motora eferente. Os receptores sensitivos detectam o estado do corpo ou o estado do entorno. O encéfalo tem a capacidade de armazenar a informação, gerar pensamentos e determinar reações em resposta às sensações. Os sinais apropriados se transmitem posteriormente através da porção motora eferente.
Uma grande parte do sistema nervoso se denomina sistema autônomo. Opera em um nível subconsciente e controla muitas funções dos órgãos internos, tais como a atividade de bombemento do coração, os movimentos gastrointestinais e as secreções glandulares.
Sistema Hormonal
No corpo existem oito glândulas endócrinas principais que secretam substâncias chamadas hormônios. Os hormônios são transportados no líquido extracelular a qualquer parte do corpo para ajudar a regular a função celular. Por exemplo, a insulina controla o metabolismo da glicose.
ü  O sistema nervoso regula fundamentalmente as atividades musculares e secretoras do corpo, enquanto que o sistema hormonal regula principalmente as funções metabólicas.

 REPRODUÇÃO

A reprodução ajuda a manter a homeostasia, gerando novos seres que ocupam o lugar dos que morrem. Porém, essa homeostasia já deve ser analisada em um nível maior, o de populações ou mesmo de comunidades (quando se analisam várias espécies). Com a reposição dos indivíduos, mantém-se uma baixa entropia, já que organismos vivos possuem uma estrutura organizada, de baixa entropia.

2ª série-Texto: Microbiota (adaptado)

 MICROBIOTA NORMAL - refere-se à população de microrganismos que habita a pele e às mucosas de pessoas normais e sadias A microbiota normal pode ser classificada em: Residente: consiste em microrganismos encontrados com regularidade em determinada idade e área da superfície, sendo perturbada, recompõe-se com facilidade Transitória: consiste em microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos que permanecem na pele ou mucosa por horas, dias ou semanas, provenientes do meio externo, não provocando doença e não se estabelecendo em definitivo na superfície
FUNÇÃO - Impedir a colonização por patógenos do meio externo e o possível desenvolvimento de doença por meio de interferência bacteriana Ajudar na absorção de nutrientes
OBS: Os membros da microbiota normal são inócuos e podem ser benéficos ao hospedeiro em sua localização normal e na ausência de anormalidades concomitantes. OBS: Quando os microrganismos da microbiota residente são introduzidos em locais estranhos e em grande quantidade, e na presença de fatores predisponentes, podem provocar doença.
MICROBIOTA NORMAL DA PELE Devido ao grande contato com o meio ambiente, a pele está propensa a abrigar microrganismos transitórios A pele apresenta uma microbiota residente bem definida e constante, diferenciada na região anatômica por secreções, uso habitual de roupas ou proximidade de mucosas (boca, nariz e áreas perineais)
Microbiota normal da pele Os microrganismos residentes predominantes são: bacilos difteróides aeróbios e anaeróbios; estafilococos aeróbios e anaeróbios não hemolíticos; bacilos gram (+) aeróbios, estreptococos alfa-hemolíticos e enterococos; bacilos coliformes gram(-) e Acinetobacter; fungos e leveduras nas pregas cutâneas; micobactérias não patogênicas em áreas ricas em secreções sebáceas O pH baixo, os ácidos graxos nas secreções sebáceas e a lisozima podem ser fatores importantes para eliminação da flora não residente da pele A sudorese profusa, a lavagem e o banho não conseguem eliminar ou modificar significativamente a flora residente normal
MICROBIOTA DA BOCA e das vias aéreas superiores Ao nascimento, as mucosas da boca e da faringe quase sempre são estéreis, podendo ser contaminadas durante a passagem pelo canal de parto Nas primeiras 4-12h de vida, os Streptococcus viridans colonizam, e se tornam os membros mais importantes da microbiota residente, permanecendo por toda vida No início da vida, aparecem os estafilococos aeróbios e anaeróbios, os diplococos gram(-), os difteróides e lactobacilos,Com a dentição, acrescenta-se a esse meio espiroquetas anaeróbias, espécies de Prevotella, espécies de Fusobacterium... As leveduras, principalmente espécies de Candida, são encontradas na boca A microbiota do nariz consiste em corinebactérias, estafilococos e estreptococos Na faringe e traquéia encontramos estreptococos alfa-hemolíticos e não hemolíticos, neissérias, estafilococos, difteróides, pneumococos, Haemophilus, Mycoplasma e Provetella Os bronquíolos e alvéolos são normalmente estéreis.
MICROBIOTA NORMAL DO TRATO INTESTINAL Microbiota normal do trato intestinal Ao nascimento o intestino é estéril Os microrganismos são introduzidos através dos alimentos Nos lactentes amamentados ao seio, o intestino é repleto de microrganismos aeróbios e anaeróbios, Gram(+) e imóveis, destacando-se os estreptococos e lactobacilos produtores de ácido láctico Nos lactentes alimentados com mamadeiras, a microbiota intestinal tende a ser mais mista, com menor quantidade de lactobacilos.O esôfago contém microrganismos provenientes da saliva e dos alimentos O nível de microrganismos no estômago mantém-se em nível mínimo devido a acidez gástrica O pH ácido do estômago protege o indivíduo de infecções por alguns patógenos entéricos À medida que o pH do conteúdo intestinal se torna alcalino, a microbiota residente aumenta gradualmente.
No cólon 96-99% da microbiota residente é constituída de anaeróbios: especies de Bacterioides, principalmente B. fragilis; espécies de Fusobacterium; lactobacilos anaeróbios; clostrídios (Clostridium perfringens) e cocos gram(+) anaeróbios 1-4% da microbiota normal do cólon é constituída de aeróbios facultativos 10% dos traumatismos intestinais leves podem induzir a bacteremia transitória.
As bactérias intestinais são importantes na síntese de vitamina K, conversão de pigmentos e ácidos biliares , absorção de nutrientes e produtos de degradação e no antagonismo a patógenos microbianos A microbiota intestinal produz amônia e outros produtos de degradação que são absorvidos pelo organismo Nos seres humanos, a administração de antimicrobianos pode suprimir temporariamente os membros da microbiota fecal suscetíveis a fármacos
 MICROBIOTA NORMAL DA URETRA A uretra anterior de ambos os sexos contém pequeno número de microrganismos provenientes da pele e períneo Os microrganismos aparecem regularmente na urina normal eliminada 7 . Microbiota normal da vagina Após o nascimento, aparecem lactobacilos aeróbios que persistem enquanto o pH estiver ácido(várias semanas) Quando o pH se torna neutro( até a puberdade), aparece uma flora mista composta de cocos e bacilos
 MICROBIOTA NORMAL DA VAGINA Na puberdade os lactobacilos aeróbios e anaeróbios reaparecem em grande quantidade e contribuem para manutenção do pH ácido Quando os lactobacilos são suprimidos por algum agente antimicrobiano, as leveduras ou bactérias aumentam em número, causando inflamação e irritação local Após a menopausa, os lactobacilos diminuem em número, e reaparece uma flora mista.
 A microbiota vaginal normal é constituída de estreptococos hemolíticos do grupo B, estreptococos anaeróbios, espécies de Provetella, clostrídios, Gardnerella vaginalis, Ureaplasma urealyticum e algumas espécies de Listeria ou Mobiluncus O muco cervical contém lisozima e possui atividade antibacteriana.

MICROBIOTA NORMAL DO OLHO Os microrganismos predominantes da conjuntiva são difteróides, Staphylococcus epidermides e estreptococos não hemolíticos. Com frequência, encontramos espécies do gênero Neisseriae e bacilos gram (-) semelhantes a Haemophylus ( espécies de Moraxella) A microbiota da conjuntiva é controlada pelo fluxo de lágrimas (contém lisozima) 

2ª série- Texto: Ai, que sede!

Ai, que sede!
 A garganta vai secando, até a sensação ficar insuportável. A pessoa pode buscar alívio em qualquer bebida. Mas não se iluda: o corpo pede água. (Lúcia Helena de Oliveira, Carla Aranha Schtruk e Sônia Goldfeder)

De repente, as seis grandes glândulas nos arredores da língua e inúmeras outras menores, dispersas pela boca, iniciam uma operação tartaruga, reduzindo cerca de um quarto da produção de saliva. Se nenhuma providência for tomada, elas entrarão em greve geral. É um movimento de protesto: falta líquido no organismo. Quando a taxa de liqüidez caiu meros 5%, as glândulas salivares já começaram sua manifestação. Quem atravessa esse momento de crise pode achar que há inúmeras maneiras de resolver o problema — uns goles de suco, um copo de refrigerante, uma taça de milk-shake, uma xícara de leite. Há de fato uma interminável carta de bebidas, que aparentemente põem tudo em ordem. Aparentemente.

Porque, embora nem todo líquido contenha água — o mercúrio do termômetro, por exemplo, não a contém —, toda bebida inclui essa substância em sua receita. E é de água, afinal — dois átomos de hidrogênio enlaçados com um átomo de oxigênio (a velha fórmula H2O ensinada na escola) — que o corpo sedento precisa.Reunidas, as moléculas de água representam 70% do peso de um adulto. Quem pensa que a maior parte desse volume corre em veias e artérias se engana: apenas uma em cada dez dessas moléculas participam da mistura do sangue. Mais de metade delas se acomoda dentro das células e as restantes — em torno de 30% do total — formam o líquido intersticial, que preenche os vãos entre uma célula e outra. Nomeada solvente universal pelos químicos, no organismo humano a água carrega sais, proteínas, hormônios, gorduras e açúcares. "Dentro de cada célula ocorre uma espécie de circulação aqüosa", descreve o nefrologista Roberto Zatz, da Universidade de São Paulo.

"Conforme a diferença de concentração entre o líquido interno e o externo, as substâncias saem ou entram na célula."O jogo de pressões se chama osmose. Graças a ele, a água também transporta a escória do organismo, como as moléculas de uréia, o bagaço das proteínas depois de terem sido aproveitadas dentro das células. "A água ainda ajuda a regular a temperatura", conta Zatz. "Todos os dias, uma pessoa perde cerca de 800 mililitros de água pela transpiração. Ao umedecer a pele, o líquido evapora, roubando o calor do corpo. Pode-se dizer que, como tudo o que é úmido, a tendência do corpo humano é estar sempre secando." Além da perda pelo suor, 1,5 a 3 litros escapam pela urina; 0,5 litro se evapora na respiração e, ainda, 200 mililitros dão a consistência pastosa das fezes.

Daí o conselho de se beber diariamente 2 a 3 litros de água — ou de qualquer outro líquido.Se o volume perdido não é reposto, a pessoa entra em processo de desidratação, que pode ser fatal. Teoricamente, sem água, nenhuma substância entra e nem sequer sai das células — o corpo fica travado. "Antes disso acontecer, o cérebro entra em pane", esclarece o nefrologista. Como a concentração do líquido intersticial aumenta, a água escapa do interior dos neurônios, tentando restabelecer o equilíbrio. "O cérebro fica uma uva passa. Se isso ocorre, não há volta." Por sorte, existem receptores no meio do cérebro, no hipotálamo, que não param de analisar o sangue, medindo a concentração ou osmolaridade das moléculas diluídas.

Segundo a fisiologista Guiomar Nascimento, da Escola Paulista de Medicina, quando a osmolaridade não está entre 275 e 290 miliosmóis (unidade de concentração das moléculas dissolvidas), é preciso perder ou ganhar água. "Quando alguém almoça uma feijoada, a concentração de sal no sangue aumenta bastante. Durante a ginástica, por sua vez, a pessoa perde líquido pelo suor", exemplifica Guiomar. Nas duas situações, ou quando se aumenta a quantidade de moléculas que a água tem de dissolver ou quando cai o volume de água para dissolver determinado volume de substâncias, o resultado é a sede. "O hipotálamo envia uma mensagem ao córtex, a superfície cinzento-escura do cérebro.

Os neurônios que tecem o córtex são os responsáveis, entre outras coisas, pela consciência. "Por isso, a partir do instante em que recebem o aviso, a pessoa percebe que precisa ingerir líquido e corre atrás de um copo de água", informa Guiomar. Cada gole escorrega garganta abaixo em altíssima velocidade, passando em 1 segundo pelo esôfago, o tubo com cerca de 25 centímetros na altura do tórax. O trajeto pelo estômago e intestino costuma ser mais lento, demorando de 3 a 45 minutos — tudo vai depender de a passagem estar livre ou congestionada por alimentos. Só na porção final do aparelho digestivo, no intestino grosso, o líquido é absorvido. "O hipotálamo interrompe, então, as mensagens da sede, porque o equilíbrio se restabelece", diz Guiomar. A explicação não coincide com a experiência de cada um: afinal, tomou água e a sede sumiu; ninguém tem de esperar alguns minutos para sentir o alivio.

"Existem teorias de que receptores na mucosa da boca e da garganta mandariam sinais nervosos ao cérebro, quando a pessoa bebe água, por exemplo", conta a fisiologista. "A umidade na região bloquearia a reação de sede. Mas nunca ninguém conseguiu provar isso."Na circulação, a principal escala da água será no par de rins, que eliminam as impurezas do sangue e eventuais excessos de sais — a água, mais uma vez serve de veículo, escoando essas substância para fora. "Os rins também são importantíssimos para regular o nível de líquido no corpo", explica Guiomar. Segundo a fisiologista, a dupla de órgãos filtra diariamente nada menos do que 180 litros de sangue; 99% desse líquido é reabsorvido.

Mas uma substância lançada pela glândula hipófise, no cérebro, pode interferir no processo de reabsorção: o hormônio antidiurético (HAD), fabricado por ordem do hipotálamo. Ele age nas paredes do vaso coletor dos rins, tornando suas células bastante permeáveis à água. Estas, então, roubam água pura da urina. "E uma estratégia de defesa", explica o nefrologista Roberto Zatz. "Além de induzir a reposição da água perdida, através da sede, o organismo economiza o líquido que lhe resta." Segundo o médico, o ser humano é capaz de concentrar até cinco vezes o volume urinário. "Isso indica que, durante a evolução, ele nunca sentiu muita sede. O rato do deserto, por exemplo, tem o triplo dessa capacidade."

 Coquetel de minerais
Cerca de trinta marcas de água, com misturas diferentes de sais, disputam o paladar dos franceses. Acreditando nos benefícios dessas substâncias à saúde eles dominam a arte de extrair a melhor bebida dos mananciais
Dois mandamentos, um alemão e outro da Roma antiga, definem uma água mineral extraída de fontes nunca inferiores a 1 500 metros de profundidade. Segundo os alemães, para ser mineral a água deve conter, no mínimo, 1 grama de sais minerais por litro. Os romanos, que em seu tempo nem tinham como medir o teor dessas substâncias, sustentavam a tese de que o líquido seria mineral desde que tivesse algum efeito terapêutico. Campeões mundiais no consumo dessa bebida, os franceses, que bebem 4 bilhões de litros de água mineral por ano — cerca de 76 litros por pessoa e mais 74 litros de vinho — preferem engolir, até hoje, a versão romana. Um desavisado brasileiro entre as gôndolas de um supermercado parisiense pode encher o carrinho de garrafas de água de fonte, como são chamadas aquelas bebidas que, embora eventualmente mineralizadas, não têm efeito reconhecido sobre a saúde.

Enfim, se lhe agradar o paladar, talvez o estrangeiro nunca perceba o engano uma vez que, feito as nobres minerais, as águas de fonte se originam em camadas subterrâneas e são, também, tão puras e potáveis, a ponto de dispensarem qualquer tratamento de desinfecção. A influência romana nessa questão conceitual começou em épocas anteriores a Cristo. No século I a.C., quando a cidade de Vergese, no sul da França, fazia parte dos domínios de Roma, foram construídas termas, para derramar a água gasosa que jorrava nas redondezas, em banhos considerados capazes de curar qualquer mal-estar Supõe-se que a fonte desse líquido com supostos poderes medicinais havia sido descoberta cerca de cem ano antes, em 218 a.C., pela tropa do general Anibal, chefe de Estado de Cartago (atual Tunísia), que tentava conquista a região. Nobilíssimas, as termas de Vergese só foram abertas ao povo na Idade Média. Muito mais tarde, no século XIX, o imperador Napoleão III autorizou que a famosa água do local fosse engarrafada e distribuída em outras cidades, "para o bem da França" de acordo com suas palavras.

Essa mesma bebida, hoje em dia, chega a 120 países, dentro de uma garrafa verde e levemente bojuda, com a estampa da Perrier — a marca de água mineral mais consumida do planeta.Não é só por causa da Perrier, porém, que os franceses se orgulham de suas fontes termais. Afinal, nesse país, concorrem nada menos de trinta marcas de água mineral, extraídas de locais diferentes. Entre elas, a Vichy, a Vittel, a Evian — esta ocupa o primeiro lugar na preferência dos descendentes de Asterix, o gaulês —, que começaram a ser industrializadas ainda no século passado. "Os franceses não suportam o sabor desagradável dos produtos químicos usados no tratamento da água de torneira", conta o engenheiro geoquímico François lundt. "Por isso, o consumo das águas de fonte e das águas minerais não pára de crescer.

" Responsável pela divisão de águas do Bureau de Pesquisas Geológicas e Minerais (BRGM), uma agência do governo, Iundt e sua equipe assessoram tanto as indústrias interessadas em prospectar fontes como os laboratórios que testam a qualidade das águas comercializadas.Segundo o engenheiro, a concorrência entre as marcas é tão acirrada que o segredo em torno de um novo manancial equivale ao da descoberta de um poço de petróleo. O dinheiro envolvido no negócio justifica o sigilo: o mercado francês de água mineral movimentou o equivalente a 2,4 bilhões de dólares, no ano passado. "A primeira providência, quando se pretende extrair uma água subterrânea, é pedir a autorização do prefeito", conta o professor André Corbet da Academia Nacional de Medicina, que se encarrega de dar o aval científico à nova fonte. "As análises preliminares costumam durar dois anos", revela o médico Um novo rótulo só chega às prateleiras com a aprovação do Ministério da Saúde, garantindo que determinada água é benéfica para a saúde.

"Lembra Corbet que a bebida rica em cálcio colabora na formação de ossos, dentes e membranas celulares; há suspeitas de que esse mineral também ajude o bebedor da água a manter a calma, regulando os ritmos cardíacos. A água com sais de fósforo, por sua vez, seria capaz de diminuir a fadiga muscular. Já quando se encontra uma quantidade razoável de moléculas de iodo agarradas nas de hidrogênio e oxigênio — a dupla dinâmica da fórmula H2O da água —, a glândula tireóide, na altura do pescoço, passa a trabalhar melhor e, então, a pessoa que encheu a barriga com o Iíquido tende a emagrecer. Ninguém nega, as águas com minérios podem suprir eventuais carências no corpo dessas substâncias (SUPERINTERESSANTE. ano 6, número 3). Ainda assim, muitos cientistas não vêem nelas o gosto de remédio, que querem lhes atribuir os franceses.Segundo Corbet, os cuidados não devem terminar depois do lançamento de uma água mineral no comércio: "Por isso, a cada dois meses, nós realizamos testes de qualidade". A linha de produção nas indústrias é orientada pelo atento Serviço de Minas do governo, que determina a quantidade máxima de água a ser extraída em determinado período. "Afinal, uma fonte não pode ser esgotada, por causa de interesses econômicos", opina o médico. Na França, a divisão das águas é traçada pela dosagem de minerais.

Os especialistas consideram pouco mineralizadas aquelas bebidas que têm entre 100 e 500 miligramas de sais por litro — as águas Evian e Perrier servem de exemplo. Há uma categoria intermediária, em que se incluem as marcas Badoit e Vittel, com 1 000 a 3 000 miligramas de minerais diluídos em cada litro. Finalmente, existem águas supermineralizadas, que ultrapassam o limite dos 3 000 miligramas: é o caso da famosa Vichy.Mas a quantidade de minerais não é tudo. Uma água mineral é comparável a um coquetel — pregam os especialistas —, em que a mistura dos ingredientes determina o 5. sabor. 5. "Essa combinação vai depender do tipo de solo por onde o líquido faz o seu percurso", descreve o engenheiro Iundt. "Durante a viagem, ele seqüestra partículas, tornando-se mais doce ou mais salgado, um pouco amargo ou ligeiramente ácido.

" Algumas águas são naturalmente gasosas, porque os lençóis subterrâneos cortam áreas com enormes quantidades de restos vegetais, cujas moléculas ácidas atacam o carbonato, componente das chamadas rochas calcárias. O resultado da reação é puríssimo gás carbônico, que se mistura ao líquido, formando bolhinhas. Curiosamente, uma vez extraídas, essas águas precisam perder o gás, com a ajuda de uma bomba especial, para entrarem pelos canos, sem provocar desastrosas pressões — e, conseqüentemente, eventuais vazamentos.O gás, no entanto, não é jogado fora. Armazenado, ele é reinjetado no líquido, na hora do engarrafamento. Em alguns casos, os produtores impregnam mais gás carbônico do que havia na receita original da natureza. Na Perrier que escorre pelo gargalo de vidro, por exemplo há 3,5 vezes mais bolhinhas do que na água que sai de sua tradicional fonte. Aliás, foram descuidos na aparelhagem usada nesse processo de gaseificação os responsáveis pelo escandaloso caso de contaminação das Perrier, há cerca de dois anos e meio.

Cientistas americanos acharam 17 milionésimos de grama de benzeno numa amostra de treze garrafas da água, importada da França. A substância é considerada cancerígena. Por isso, em menos de uma semana, os supermercados americanos devolveram mais de 72 milhões de garrafinhas verdes ao fabricante europeu. Este, para honrar a marca, ordenou o recolhimento de outros 160 milhões de exemplares da safra benzeno, espalhados ao redor do mundo. Foi uma tempestade em copo d’água: com a dosagem ínfima de benzeno detectada, se uma pesssoa bebesse 1 litro de Perrier contaminada por dia, ao longo de trinta anos, ela teria uma chance em 1 milhão de desenvolver um tumor.Depois dos franceses, são os alemães que mais matam a sede com água mineral — o consumo anual fica em torno de 49 litros por pessoa. Em seguida, vêm os italianos: 47 litros per capita. no mesmo período.

Nos Estados Unidos, esse consumo fica próximo dos 17 litros. Em média, um copo de água mineral custa nesses países trezentas vezes mais do que o mesmo volume de água de torneira — e, ainda assim, tem seu público fiel. "Na França, a água já virou uma espécie de bebida nacional", diz Claude Roger, há 23 anos maître do famoso restaurante Maxim’s, freqüentado pela alta sociedade européia. Para acentuar seu status, o Maxim’s oferece uma água exclusiva, a Chateldon, ligeiramente gasosa. "Os jovens executivos adoram pedi-la, porque ela combate o estresse", arrisca o maître. Seu colega de ofício, Michel Roger, do badalado Closerie de Lilas — um bar encravado em Montparnasse, o bairro intelectual de Paris — conta que o embaixador brasileiro Carlos Alberto Leite Barbosa é um de seus mais assíduos clientes e nunca dispensa diversas doses de Evian. "Ele tem bom gosto, é uma água leve", elogia. "Para um francês, saber escolher uma água é tão importante quanto selecionar um vinho."

Muito mais que um filtro
Diariamente, o par de rins filtra o equivalente a 36 vezes o volume total de sangue, que chega pela artéria renal, um ramo da aorta abdominal. Esse vaso se ramifica sucessivamente até ficar com a espessura aproximada de um fio de cabelo. É então que entra em uma espécie de grão microscópico, a cápsula de Bowman, onde se enrola formando um novelo vascular, o chamado glomérulo. O sangue que circula por ali deixa passar a água e as substâncias dissolvidas. O líquido, então, escoa da cápsula de Bownam até um túbulo com desenho de alça — todo esse conjunto se chama néfron. Há cerca de 1 milhão deles em cada rim. Nesse caminho, o organismo reabsorve a maior parte do volume de líquido filtrado. E não é só isso: no filtrado do glomérulo há substâncias como a glicose, que precisam ser devolvidas à circulação porque ainda podem ser utilizadas pelo organismo. Existem, por exemplo, cerca de 7 gramas de cloreto de sódio, sal comum. Em cada litro de sangue; na filtragem, no entanto, os rins captam cerca de 1 quilo de sal por dia e só 15 gramas acabam sendo eliminadas nela urina.